Searas de Tempo
Da luz, em dedos leves, pinceladas;
da forma, em esboços breves, os contornos;
do som, em ziguezague, pio e choro e
latidos ao longe, longos laivos
em matizes candentes. Tela e pauta.
No incerto da hora me reclino e
palavra a palavra, em arabescos
deslizo no poema. Canto e calo.
Imprecisa e transparente ficarei
na sugestão de mim, enquanto aqui.
E se alguém me reler, nesse momento
terá que ouvir e ver, também atento,
pelo vidro que sou, o que senti.
Luísa Freire
Publicado em 4 de Fevereiro de 2010