Digam que foi mentira, que não sou ninguém, que atravesso apenas ruas da cidade abandonada fechada como boca onde não encontro nada: não encontro respostas para tudo o que pergunto nem na verdade pergunto coisas por aí além Eu não vivi ali em tempo algum Nomeei-te no meio dos meus sonhos chamei por ti na minha solidão troquei o céu azul pelos teus olhos e o meu sólido chão pelo teu amor Contigo aprendi coisas tão simples como a forma de convívio com o meu cabelo ralo e a diversa cor que há nos olhos das pessoas Só tu me acompanhastes súbitos momentos quando tudo ruía ao meu redor e me sentia só e no cabo do mundo Contigo fui cruel no dia a dia mais que mulher tu és já a minha única viúva Não posso dar-te mais do que te dou este molhado olhar de homem que morre e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente Ruy Belo