O bem é ser livre E voar muito além dos pinheiros da montanha. O mal é ser cativo E ter olhos de pássaro cegados por agulhas. O bem é ser jovem E conquistar com passos decididos a estrada do ideal. O mal é ficar velho de repente E fazer um triste inventário de rugas. O bem é ser semente E fecundar de palavras o vento e a terra. O mal é ser solo estéril E não poder estalar de arroz e mistérios. Como é árduo escolher o bem! Voar pode ser extremamente perigoso, Melhor ficar cego às verdades mais simples. Como é difícil escolher o bem! O ideal é chama que se apaga, Melhor ficar velho diante da própria impotência. Como é amargo escolher o bem! A terra se cobre de ervas daninhas, Melhor ficar calcinado do silêncio do deserto. Mas se escolhermos o mal, Não veremos nunca a paisagem além da montanha, Não teremos o coração rejuvenescido do doce ideal, Nem provaremos o alimento capaz de nutrir nossas entranhas mais profundas! Raquel Naveira