Se estivesses a afogar-te, vinha acudir-te, embrulhava-te num cobertor e dava-te chá quente. Se fosse xerife, prendia-te e fechava-te numa cela com aloquete. Se fosses uma ave rara, gravava um disco e ficava a ouvir a noite inteira o teu trilo agudo. Se fosse o sargento, serias a minha recruta, e, rapaz, garanto-te, ias adorar a instrução. Se fosses chinesa, aprendia a língua, queimava pilhas de incenso, vestia roupas esquisitas. Se fosses um espelho, invadia as “Senhoras”, dava-te o meu bâton e punha-te pó-de-arroz no nariz. Se gostasses de vulcões, seria a lava, em irrupção contínua da minha secreta fonte. E se fosses a minha mulher, era o teu amante, porque a Igreja ao divórcio se opõe firmemente. Joseph Brodsky