o sabor do real
ele andou num pé sem saber onde deveria
colocar o outro. na esquina o vento varreu o pó
e a sua boca voraz engoliu todo o espaço.
ele começou a correr, na esperança de que dum
momento para o outro voasse para longe, mas ao longo
da calha as pedras estavam húmidas e os seus braços
batendo no ar não o conseguiam suster. na sua queda
ele percebeu que era mais pesado que o seu sonho e amou,
a partir daí, o peso que o fizera cair.
Pierre Reverdy
Publicado em 5 de Julho de 2010