Sobre a perfeição
(gentileza de Amélia Pais)
Cada vez que vou escrever o poema perfeito,
coisa que tento uma e outra vez,
a mão põe-se a tremer e ataca-me o reumatismo
e a esferográfica produz borrões.
E quando estou tranquilo e se aplacou o reumatismo
e a minha esferográfica escreve persistentemente,
é a minha mulher que entra de dois em dois minutos
a perguntar se terminei o supracitado poema.
E quando por fim logro redimi-lo
mediante dores e aflições
faltam esse tremor, esse reumatismo, esses borrões
que o perfeito tem, se é que existe.
Halfdan Rasmussen
Publicado em 16 de Julho de 2010