Quando velhinha, à noite, ao lume da candeia, Sentada ao pé do fogo, escutando e fiando, Direis, meus versos lendo e vos maravilhando: Celebrou-me Ronsard quando não era feia. Serva não haverá, que ouvindo vossa ideia, Cansada do trabalho e já cabeceando, Desse meu nome, ao som, não se erga despertando, Vosso nome a abençoar, de louvor toda cheia. Eu serei sob a terra e, fantasma ocioso, Sob os mirtos, à sombra, hei-de ter meu repouso: Sereis uma velhinha, à lareira, encolhida. A chorar meu amor e vossa altivez vã. Acreditai, viveu em esperar por amanhã: Colhei, a partir de hoje, as rosas desta vida. Pierre de Ronsard, trad. A. Herculano de Carvalho