Do amor
O amor, umas vezes voa,
outras anda;
com este corre,
com aquele vai devagar;
A uns refresca,
e a outros abrasa;
A uns fere, e a outros mata;
Num mesmo ponto principia
a carreira dos seus desejos,
e ali mesmo os acaba e conclui;
Pela manhã, costuma colocar cerco
a uma fortaleza,
e à noite a leva de vencida,
porque não há força
que lhe resista.
Miguel de Cervantes
Publicado em 11 de Novembro de 2010