(gentileza de Amélia Pais) E a morte perderá o seu domínio. Nus, os homens mortos irão confundir-se com o homem no vento e na lua do poente; quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos hão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas. Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido; mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-se ressurgir; mesmo que os amantes se percam, continuará o amor; e a morte perderá o seu domínio. E a morte perderá o seu domínio. Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do mar não morrerão com a chegada do vento; ainda que, na roda da tortura, comecem os tendões a ceder, jamais se partirão; entre as suas mãos será destruída a fé e, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento; embora sejam divididos eles manterão a sua unidade; e a morte perderá o seu domínio. E a morte perderá o seu domínio. Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos nem as vagas romper tumultuosamente nas praias; onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor erguer a sua corola em direcção à força das chuvas; ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer como pregos as suas cabeças pelas margaridas; é no sol que irrompem até que o sol se extinga, e a morte perderá o seu domínio. Dylan Thomas