Quando o grão lume...
Quando o grão lume surge lá no oriente,
que o negro manto desta noite afasta,
e sobre a terra o gelo se desgasta,
já dissolvido no seu raio ardente,
a antiga dor, que o sono gentilmente
me adormentara, acorda mais desgasta:
que quando aos outros o prazer se gasta
é que revive o meu mais docemente.
Assim me força uma inimiga sorte
às trevas procurar, fugir da luz,
odiar a vida e desejar a morte.
Que a um outro olhar escurece, ao meu reluz:
se fecho os olhos, abrem-se-me as portas
à dor profunda que a meu sol conduz.
Vittoria Colonna
Publicado em 22 de Janeiro de 2011