(gentileza de Amélia Pais) A vida é a vida, e não os seus resultados. Não a casa grande no alto da montanha, nem as coroas e medalhas (áureas ou de imitação) que ocupam as estantes. Não é só isso a vida. A vida é a vida, e isso é o mais importante; aquele que a tira, tira tudo. Não as grandes viagens a terras e cidades longínquas, nem as estranhas gentes (melhor ou pior fotografadas) que ali encontramos. Não é só isso a vida. A vida é a vida. E isso é o mais importante; aquele que a tira, tira tudo. Não a chuva sobre o telhado, nem o granizo na janela, nem a neve, nem a lua, nem sequer mesmo a luz (tão maravilhosa). Não é só isso a vida. A vida é a vida. E isso é o mais importante; aquele que a tira, tira tudo. Não essa mulher ou esse homem que nos sussurra ao ouvido, tampouco os pais ou os filhos, os irmãos ou os amigos (de agora e de sempre). Não é só isso a vida. A vida é a vida. E isso é o mais importante; aquele que a tira, tira tudo. Bernardo Atxaga, trad. Eduardo Jorge Madureira