Julgavas,então,que a poesia era um discurso de palavras em sentido?Sei quanto a musa aprecia glória,poder e uniforme,quanto aguarda o cavaleiro que produz. A vida,afinal,anda lá fora,antes da folha ter passado a prensa; a mais pequena árvore é verde eterna,comparada ao arbusto que,mal tocada a haste,se desvai em fumo. Por isso eu fico lendo as crónicas,as lendas, o jornal que,bem ou mal,cruza as palavras com o tempo, e contudo!quando o lábio se engana,solta a mais aguda fífia do trombone, e de repente o corpo sabe a gente,e então se diz:eis e pura poesia verdadeira a!pois seria,talvez, somente a tua mão,cobrindo a folha. António Franco Alexandre