É na morte mais ousada
É na morte mais ousada
Que encontrarei os olhos
Do tempo que não conheci
Que desenho as loucuras azuis
Dos meus sossegos escondidos.
Perco agora a terra que me prende
E procuro o outro lado perdido de mim
Sempre valente, apegado ao sonho
Aos ventos libertários que hão-de vir
Descanso o olhar nesta espera
E tolero tudo o que navega em minha direcção
Os vazios que procuram os cantos cansados
Os medos que já perderam a sua força inicial
A sua coragem dolorosa e quase tenebrosa.
É neste cansaço já milenário no meu tempo
Que procuro as palavras que nunca soube dizer
Os gemidos de um canto triste num fim de tarde
Que num velho piano desafinado me segredam a dor
Fico
Ou vou ficando
Tanto faz
Porque já parti nas minhas loucuras azuis
Bibi Pereira
Publicado em 20 de Fevereiro de 2011