Na Distância do Espelho
Eu penso
os sinais da perseverança,
O sopro da submissão nunca te alcançou.
Quem sabe se não respiramos
Alternadamente o mesmo ar. Tu vês o mundo
De um lado e eu do outro. A varanda era
um espaço vazio junto às árvores, o tecto branco
não conservou a humidade e o calor
da tua respiração. O teu corpo faz sombras na parede,
a tua existência afasta-se na direcção sem fim
do espelho. Os nossos pontos de vista nunca se
influenciaram. Se sabemos alguma de Milhaud
é segredo. Na mesa a que te sentas para escrever
há cabelos ainda da tua adolescência,
desconhecida.
João Camilo
Publicado em 20 de Fevereiro de 2011