Não quero o mundo
Não quero o mundo
Nas minhas mãos
Nem as palavras enganosas
Muito menos as esperanças
Que não são as minhas
Não quero esse caminho
Essa estrada está viciada
E anda em espiral
Sem braços que me agarrem
Não quero ser tudo
Prefiro ser sempre nada
E não esperar as verdades
E as mentiras
Ambas iguais
Não quero
Não quero
Estar parada no absurdo
Que sempre fui
Esse produto inacabado
Podre
Vazio de alegria
E crença
Esta é a minha dor
A de existir
Ter pernas e braços
Olhar e esperar sempre a olhar
O que nem sei se quero
Ou se sei
É o sabor do vento quente que quero
As asas das aves flutuantes
Perder o rumo dos dias
Das horas
E não ser nada
Uma partícula
Talvez
De coisa nenhuma
E que ninguém saiba
Bibi Pereira
Publicado em 17 de Fevereiro de 2011