Já não escreverei romances Nem contos da fada e o rei. Vão-se-me todas as chances De grande escritor. Parei. Mas na chispa do verso, Com Marga a aquecer-me, Já não serei disperso Nem poderei perder-me. Tudo nela é verbo e vida; Xale, cílio, tosse, joelho, Tudo respinga e acalma. Passo, óculos, nada é velho: Quase corpo, menos que alma. Já não lavrarei novelas, Ultrapassado de ficto: A vida dá-me janelas A toda a extensão do dicto. Mas sem elas, mas sem elas (As suas mãos) fico aflito. Vitorino Nemésio