Humana fonte bela, repuxo de delícia entre as coisas, terna, suave água redonda, mulher nua: um dia, deixarei de te ver, e terás de ficar sem estes assombrados olhos meus, que completavam tua beleza plena, com a insaciável plenitude do seu olhar? (Estios; verdes frondas, águas entre as flores, luas alegres sobre o corpo, calor e amor, mulher nua!) Limite exacto da vida, perfeito continente, harmonia formada, único fim, definição real da beleza, mulher nua: um dia, quebrar-se-á a minha linha de homem, terei que difundir-me na natureza abstracta; não serei nada para ti, árvore universal de folhas perenes, concreta eternidade! Juan Ramón Jiménez, trad. José Bento