A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra, tu a colhes, mulher, a distribuis tão generosa e à janela do mundo. O sal do mar percorre a tua língua; não são de mais em ti as coisas mais. Melhor que tudo, o voo dos insectos, o ritmo nocturno do girar dos bichos, a chave do momento em que começa o canto da ave ou da cigarra — a mão que tal comanda no mesmo gesto fere a corda do que em ti faz acordar os olhos densos de cada dia um só. Quem está salvando nesta respiração boca a boca real com o universo? Pedro Tamen