E o amor é então todo o longínquo ardor? O à espera eterno e a solidão que nele nasce e dele vai até mais não ser que o relembrar anterior? Ah, mas se o amor fosse tudo em si... A lágrima e o riso, o verbo e a carne, se o amor sonhasse na claridade e sem ela não fosse um maior sonho... Aí vem a névoa, aí vem o sopro da vida a levantar o dolorido princípio sem fim do talvez, do quase... E o amor é então todo o longínquo ardor, o eterno à espera e a solidão que nele nasce e morre, nasce e morre. António Salvado