Tudo o que dizemos e fazemos passa por esses momentos violentos do corpo, onde os desejos vêm beber como os animais cansados chegam aos grandes rios originários das nossas fundações. Que memória consentir então aos corpos, que lugar deserto às paixões, que curso ao nosso descer o rio? Tu não me respondes. Entramos no mais fundo da pedra, no túmulo preterido, espólio de um deus acossado, eu estrangeiro, eu esquecido. Tu ocultas o coração, voltas-te de perfil para as dunas, a pedra, pedra. Não me respondes. Como o coração, dizes. Luís Filipe Castro Mendes