(gentileza de Amélia Pais) Espera por mim, que eu voltarei, Mas tens de esperar muito Espera quando a chuva amarela Tristeza trouxer, Espera quando a neve vier, Espera quando fizer calor, Espera quando os outros não esperarem, Esquecidos do passado. Espera, quando dos países distantes Cartas não chegarem, Espera, quando até se cansarem Aqueles que juntos esperam. Espera por mim, que eu voltarei, Não perdoes àqueles Que encontram palavras para dizer Que é tempo de esquecer. E se crêem, filho e mãe, Que já não vivo, Se os meus amigos, cansados de esperar, Se sentam à lareira E bebem vinho amargo Para me recordarem… Espera. E com eles Não te apresses a beber. Espera por mim, que eu voltarei A despeito da morte. Quem não me esperou, Que diga: ‘Teve sorte!’ Não compreendem os que não esperavam Como no meio do fogo A tua espera Me salvou. Como sobrevivi, saberemos Só tu e eu, - É porque me soubeste esperar Como ninguém mais. Konstantin Simonov, trad. Manuel de Seabra