«Mas que beleza há na poesia?» Escuta, quando vês um grande amigo rodeado de mulheres, quando estás fascinado com a orquestra, e sob o reflector resplandecem as cores de uma deusa que desce seminua à plateia, onde tu estremeces, escondido em toda aquela multidão!, quando em noite escura e serena amigos dançam sem mulheres numa praça ao som de um acordeão e tu ficas à parte; pois bem, isso não é belo para ti? Também é belo para um velho que se chama crítico e acha beleza em muitas coisas e que até se aventurou a descobrir no mundo e talvez fora do mundo, coisas cada vez mais belas, mas que diz, com amor: «que belo é este poema!» E tu, tu olhas-me sem sequer me dares um beijo? Sandro Penna