(gentileza de Amélia Pais) Em quatro sinos 1. instante inicial eis a história das sílabas igualando os confins das linhas de água. a alegria peregrina percorre cidadelas como as sentinelas do mar: as águas vêm dar à beleza das sílabas como se houvesse um luminoso reencontro: era o instante inicial. 2. primeiro instante intermédio esperava que a paisagem pintasse noites vizinhas. E insígnias rebuscando cacimbos numa desconhecida povoação. Porém, apareceram riozinhos esverdeados Iluminando armadilhas, angústias E telas infernais: nascia a nação comum Encerrando torturas sobre as lágrimas. 3. segundo instante intermédio parecia um reino de passo fascinante suficiente para enriquecer estômagos estranhos. precioso? os rios não diziam o contrário. e desfilava maldita miséria insuficiente para desencantar a plenitude humana. em reino que raspava a fortuna crescia a flor do dia frequentando abraços virgens. ricos em sonhos enfeitiçados. 4. instante final teria o solo da eternidade outras cinzas? onde adormece o abrigo crescem um insondável silêncio e delicadas folhas cuja cor saúda a origem da sombra: todas as cinzas pronunciavam a eternidade. Era a repetição dos passos e imagens. Imagens do milénio anterior. João Maimona