(gentileza de Amélia Pais) Levanto as mãos e o vento levanta-se nelas. Rosas ascendem do coração trançado das madeiras. As caudas dos pavões como uma obra astronómica. E o quarto alagado pelos espelhos dentro. Ou um espaço cereal que se exalta. Escondo a cara. A voz fica cheia de artérias. E eu levanto as mãos defendendo a leveza do talento contra o terror que o arrebata. Os olhos contra as artes do fogo. Defendendo a minha morte contra o êxtase das imagens. Herberto Hélder