Dedicatória
A todos os que nas noites tempestuosas das revoltas
procuram uma lua infantil
aos que já não tinham tempo, aos que foram esquecidos
na doçura do sono quando todos nos tinham abandonado
aos espelhos onde nos fitámos, aos mares que não
navegaremos
aos caminhos que percorremos apaixonados e a que talvez
não tenhamos voltado
ao destino, à bela juventude, aos viajantes
(e eu, aonde ia? e era assim tanto o que pedia? Mas agora é
tarde - tempo de partir)
às aves de arribação, às locomotivas a vapor que se
cansaram e se viraram de lado para dormir
às espigas que a luz ilumina, às raparigas que despem a saia
para entrarem no céu
às cartas de um anjo para um menino, aos que se atrasaram,
aos que nunca voltarão
à mulher que deita as cartas, ao velho que chora
à Odisseia que vive o poeta ao escrever o mais pequeno
poema
ao instante luminoso que viveu um homem vivendo uma
vida inteira...
Tasos Leivaditis, trad. Manuel Resende
Publicado em 26 de Novembro de 2011