A uma luz perigosa como água De sonho e assalto Subindo ao teu corpo real Recordo-te E és a mesma Ternura quase impossível De suportar Por isso fecho os olhos (O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos) Por isso fecho os olhos E convido a noite para a minha cama Convido-a a tornar-se tocante Familiar concreta Como um corpo decifrado de mulher E sob a forma desejada A noite deita-se comigo E é a tua ausência Nua nos meus braços Experimento um grito Contra o teu silêncio Experimento um silêncio Entro e saio De mãos pálidas nos bolsos Assobio às pequenas esperanças Que vêm lamber-me os dedos Perco-me no teu retrato Horas seguidas E ao trote do ciúme deito contas Deito contas à vida. Alexandre O'Neill