agora as tuas mãos estranhas ao medo procuram um abrigo mais puro, o lume agora o tempo se mede por búzios e os nomes flutuam mais leves que as algas podia abrigar duas formigas e contar-te a história do mundo desde que foi criado podia se deixasses escrever aquela história da filha louca dos Matildes a falar horas seguidas da lucidez assustadora deste poema tudo podia já que os anjos do vento desenham na água o fulgor inesperado do teu gesto José Tolentino Mendonça