A vida, meu caro, é ilegível. Acontece e desaparece. Não há inteligência que a descodifique: vem em linguagem-nada, surge no corpo como surge o dia, e como se dia e vida individual fossem materiais paralelos. A vida não surge em prosa nem em poesia — e a existência não fala inglês, apesar de tudo. A natureza dos acontecimentos resiste às invasões matreiras da publicidade e dos filmes. Já não é mau. Gonçalo M. Tavares