Por tanta vida que transporto no meu sangue vacilo no vasto Inverno. E de repente, como por uma fonte que se solta na estepe, uma ferida que no sonho se reabre, nascem pensamentos no desértico castelo da noite. Criatura de fábulas, pelas mudas habitações onde se consomem as lâmpadas esquecidas, transcorre leve uma palavra branca: voam pombas desde a açoteia como numa paisagem marítima. Bondade, regressas a mim: desfaz-se o Inverno no desbordamento do meu sangue mais puro, o pranto ainda pode ser docemente nomeado perdão. Antonia Pozzi, trad.Henrique Fialho