Aqueles cadernos
onde se perderam aqueles cadernos a que
teimosamente tornavas para escrever
de novo e de novo as mesmas frases
descalços pés apoiados na arcada da varanda
o sol dando-te no rosto cadernos onde
teimosamente ensaiaste alguns
gestos um verão inteiro atrasando-te
onde estão esses cadernos que não
chegaste a rasgar e a costurar de novo
onde com ténues fios brancos e estreitas
agulhas apenas alinhavaste frases
esses comprados em estações
de autocarro furtivamente guardados
em gavetas de armários com chave
Tatiana Faia
Publicado em 24 de Abril de 2012