Uma casa para eu ter a humildade de ser espaço a líquida frescura duma jarra um passo leve e certo em cada sombra um ninho em cada ouvido de doces abelhas cegas Uma casa uma caixa de música e sossego Um violão adormecido na doçura Um mar longínquo à volta atrás do campo Uma inundação de verdura e espessa paz Uma repetida e vasta constelação de grilos e os galos álacres do silêncio Um mar de espuma e alegria obscura um mar de espuma e alegria clara entre o verde e a brisa Na brancura dos quartos a inocência poderá sonhar desnuda os insetos poderão entrar juntamente com as plantas e as aves Uma longa asa passará O mundo e o silêncio a mesma ave e o mar o mudo leão longínquo e fresco faiscará entre o ver e as lâminas solares António Ramos Rosa