A raiva. Vou-vos contar desta raiva que sinto. Do seu sabor. A raiva passada a escrito tem mais sabor. O sabor do alecrim que não provei ou de uma túlipa andina que escapa. Da escarpa que hei-de subir e que eu sei que está lá, incrédula, quase trocista. A lamentável depreciação das coisas novas um dia e hoje velhas. A raiva. A raiva passada a escrito apresenta-se bem, com uma dignidade imparável – a placidez de um ancião bem vivido quase se lhe equipara em garbo e compostura. A raiva. Passada a escrito quase parece recato. Ou fonte. Portanto, se fores à raiva, guarda-me um bilhete. Uma chávena. Rui A.