Quando os barcos partirem, quando os barcos partirem para o sem fim, Uns ficarão por cá, e outros certamente não – segundo muitos dizem, é sempre assim. E se bem que partam barcos por esses mares, se bem que partam velas Rios ficarão quietos de quietos, à espera, como xailes esquecidos na ombreira da porta. Inventados melros cantarão mais tarde na concha do rio, quando a saudade romper, e Desta cidade nascerão alguns assobios, apenas para quem os saiba, Ainda que até agora ninguém tenha pensado nisso muito a sério. Dona Dália, Dona Dália, quem poderá saber nesta terra Onde florescem os cucos e onde voam as rosas? Nada nos preparou sem enfeites para tal lição de vida, Ainda que pensemos saber bastante, e não só de meteorologia - imensa cultura. Dona Dália, sabe bem que quando os barcos partirem, quando os barcos partirem mesmo, Águas ficarão ainda que parta - com pequenos ramos, para descanso das libelinhas. E Lá, onde sussurram os ventos de São Tomé, é bom pensar que o sol bate forte. Imagino que se sentirá agora bem melhor, mesmo esquecido o xaile e outros adereços. Amanhã falamos, ou depois. Até lá, fica esta porta – com os melros, os cucos, e as rosas. Rui A