Como uma flauta nas mãos de um piano
Bailando acima das águas e de todas as pratas
Eras assim uma espécie de deus, um príncipe urbano
Ramos saltaram de incontáveis dedos e
Na abertura das noites despontaram várias Áfricas
As pessoas finalmente calaram-se e
Rostos abriram-se ao passar de tão jovem flauta
Desenhos surgiram em paisagens extremas e
Os homens, alguns, coraram de prazer e
Simpáticas damas ficaram ainda mais simpáticas.
As crianças, essas, limitaram-se a adorar.
Sonhos romperam a faca dos dias
Sulcos rasgaram as costas dos mundos
E tudo como se nada passasse
Tudo como se um segundo fosse tudo
Tão grande de grande, esse ser sem tamanho
Irrompendo, sem tempo, pelas mãos de um piano
Rui A.
Publicado em 14 de Maio de 2012