Passos de viajante II
Nas viagens que fiz
Vi pessoas, com ares e olhares provocantes
Sentei-me em lugares e espaços vazios de ti
Olhei saltimbancos, mesteirais e tantos outros…
E procurei, em desespero, a palavra que sou eu.
Vivi momentos onde o castigo da ausência
Me agarrouàquele chão, àquela terra
E onde, na verdade, qualquer orgulho feito de lama
Foi a minha estrada, o meu caminho
e cada gesto ateu dos outros foi o meu altar
Onde te procurava, em vão,
e prosseguia, fazendo de meu cúmplice, o chão.
Nas viagens que faço
Naquelas onde o caminho nem sequer parece sinuoso
Mascaro-me com aquilo que os outros não vêem
E tento apanhar a última sílaba de mim.
Procuro-me nas ruas e vielas deste lugar
E daquele outro lá mais à frente
Estranho os passos estranhos que dou
E procuro, assim, eternecer a minha noite
Mas nem sempre gosto deste sargaço vizinho…
Preferia sonhar com a lua, como em criança
E ficar lá, para outras aventuras.
Nas viagens que ainda farei
Não procurarei equações bizarras, teoremas complicados
Nem farei teses de doutoramento sobre as palavras
Procurarei, isso sim,
Sorrisos em caleidoscópio,
Almas magenta,
E gestos de prata …
Serão estes Poderes que me elevarão às Alturas
e farão de mim, ave.
V.G.
Publicado em 30 de Junho de 2012