São Petersburgo
Entre livros em profundo desarrumo,
em não contáveis serões diurnos,
nos dias inverticais, sem prumo ou compasso
(dias de tempo lasso),
penso em são Petersburgo, ali a um passo
Dizem que existe, lugar assim,
onde os dias cosem, por dentro,
como um beijo, esem embaraço.
Sem aleijar.
Já a minha avó me chamava russo
És o meu russo, dizia,
como quem faz uma festa(e fazia),
com os seus lindos olhos claros, de fio e costura.
És o meu russo, mais ninguém o é - assim dizia,
com os olhos que foram também de minha mãe
- que de mim tudo sabia,
p’ra lá do que acontecia
E é bem verdade, a haver verdade;
Quem busca coincidências sempre as encontra
ainda que seja cedo ou tarde.
E dizem, como facto assente,
(com o possível rigor das coisas que podem ser ditas)
que esse lugar existe
- e lá está o perto.
São Petersburgo,
onde riem os russos
Rui A.
Publicado em 17 de Junho de 2012