Baía de S. Martinho
                Naquela noite quente, em conversas
Simples e toques de cristal
Houve um mar companheiro, também solitário 
Calmo, sereno mas nunca esquecido 
(Por quem o conhece desde menino)
Que fez dessa noite uma festa
De cumplicidades e novas descobertas.
Olhávamos, estava alta a lua,
E a baía fazia magia, 
Nos silêncios meus e teus
Iluminada pelo tremendo esplendor da luz.
A maresia escutava, lá em baixo, o som das nossas vozes.
(Por vezes calava-me e pensava em ti)
E a tal lua, cheia, íntima, bela e deslizante 
Que mais parecia saída de uma fábula
Tinha rosto de criança que, em pose para fotografia,
Sorria, tornando-se nossa cúmplice, 
Como se aos meninos narrasse
De todas as aventuras possíveis, a melhor.
Lá estava o rosto do indizível, dizia eu
O da lua.
(por vezes calava-me e pensava em ti)
Aquela brisa quente ajudava, 
E o vinho e a noite e os risos também
(Ou outras brincadeiras e confissões).
Aquelas palavras, aquela confiança,
Compuseram o brilho daquela noite.
Entre conversas, sorríamos, esperando
Que o doce escutar do silêncio fosse o resto 
De uma ternura algo adiada
Na mágica Baía de S. Martinho.
V.G.
            
            Publicado em 5 de Julho de 2012