Naquela noite quente, em conversas Simples e toques de cristal Houve um mar companheiro, também solitário Calmo, sereno mas nunca esquecido (Por quem o conhece desde menino) Que fez dessa noite uma festa De cumplicidades e novas descobertas. Olhávamos, estava alta a lua, E a baía fazia magia, Nos silêncios meus e teus Iluminada pelo tremendo esplendor da luz. A maresia escutava, lá em baixo, o som das nossas vozes. (Por vezes calava-me e pensava em ti) E a tal lua, cheia, íntima, bela e deslizante Que mais parecia saída de uma fábula Tinha rosto de criança que, em pose para fotografia, Sorria, tornando-se nossa cúmplice, Como se aos meninos narrasse De todas as aventuras possíveis, a melhor. Lá estava o rosto do indizível, dizia eu O da lua. (por vezes calava-me e pensava em ti) Aquela brisa quente ajudava, E o vinho e a noite e os risos também (Ou outras brincadeiras e confissões). Aquelas palavras, aquela confiança, Compuseram o brilho daquela noite. Entre conversas, sorríamos, esperando Que o doce escutar do silêncio fosse o resto De uma ternura algo adiada Na mágica Baía de S. Martinho. V.G.