Triste, por te deixar, de manhãzinha Desci ao porto. E logo, asas ao vento, Fomos singrando, sob um céu cinzento, Como, num ar de chuva, uma andorinha. Olhos na Ilha eu vi, amiga minha, A pouco e pouco, num decrescimento, Fugir o Lar, perder-se num momento A montanha em que o nosso amor se aninha. Nada pergunto; nem quero saber Aonde vou: se voltarei sequer; Quanto, em ventura ou lágrimas, me espera Apenas sei, ó minha Primavera, Que tu me ficas lagrimosa e triste. E que sem ti a Luz já não existe. Eugénio Tavares