O nome do autor é o primeiro a partir seguido passivamente pelo título, a trama, a conclusão de partir o coração, todo o romance que de repente torna-se algo que você nunca leu, nem dele ouviu falar, como se, uma a uma, as memórias que costumava aportar decidissem retirar-se para o hemisfério sul do cérebro, para uma pequena vila de pescadores sem telefones. Há muito tempo você deu adeus aos nomes das nove Musas e assistiu à equação do segundo grau fazer as malas, e mesmo agora enquanto memoriza a ordem dos planetas, alguma outra coisa está sumindo, um emblema floral talvez, o endereço de um tio, a capital do Paraguai. O que quer que você esteja lutando para lembrar-se não está equilibrado à ponta de sua língua, nem mesmo a espreitar de um beco escuro em seu baço. Foi correnteza abaixo de um rio mitológico e escuro cujo nome começa com um L se você se lembra bem, você, a caminho de seu próprio esquecimento onde se unirá àqueles que esqueceram como nadar ou andar de bicicleta. Não é de admirar que você se levante no meio da noite para conferir a data duma batalha num livro de guerras. Não é de admirar que a lua à janela pareça ter vagado para fora de um poema de amor que você sabia de cor. Billy Collins, trad. Ricardo Domeneck