História
Ela é história por contar, rosa fogo
Vermelho sangue, com sabor a paixão
Verde esperança, na dor e na virtude,
E tem no colo réstias do azul de uma criança
Pronta a mamar um leite materno
Muito, muito adocicado.
Ela é mulher transparente e desenhada
No mapa de um mundo feito de matrizes ocas
Onde não cabe o contemplar da grandeza
Desse vento, dessa água, desse fogo
E da terra, tão terra
Fértil, em flor na primavera e também
No outono da vida,
Da vida que ainda lhe pertence.
Desejada, admirada, excomungada e
Até muito letrada, sabedora das mais
Profícuas teorias filosóficas e literárias
Ela bem sabe que, mais que tudo,
No mais importante
É o cheiro de um poema com sabor a mar
Que torna a sua vida ainda mais salgada.
Verde, muito verde nas amargas decepções
Mundanas
Azul, muito azul no sempre perene sonho do
Inimaginável
Rubra, tão rubra no seu corpo sexual,
Pulsante, assim despido de quaisquer odores
Estranhos ao seu paladar de mulher,
É ela, no entanto, a mais doce menina
Que espera, como quem espera do Alto,
O frémito de um raio que lhe possa
Cair em cima, como se a sorte,
Em vestido, numa noite de verão
A convidasse a voar…
Também vive nela um certo acinzentado
Mesclado de castanho-escuro, que insiste
Em sentar-se na poltrona mais confortável
Da sua alma, chorosa por vezes…
Ou ainda o negro, por detrás do qual se esconde
Uma teimosa feiticeira má, que inventa
Poções pouco saborosas, que maçam e
Agrilhoam….
Mas esta mulher não deixará, nunca,
De vestir o seu melhor tailleur laranja,
Cor da vida e do sorriso mais puro,
De colocar toque de baton brilhante
Nos lábios carnudos, às vezes murchos
De se olhar no espelho e soltar o cabelo…
Nunca deixará de sorrir,
(mesmo que ainda timidamente)
Para qualquer estranho que passe no seu rio
Selvagem, vivo nas cores, nos cheiros e sabores,
E nunca deixará de ser violeta em espiral
Colorida borboleta, para sempre pronta
a dançar.
Violante Grilo
(inspirado no Modus Vivendi)
Publicado em 28 de Agosto de 2012