Acontecera que as coisas se destruíssem sem que nelas sobrevivesse E era tarde. Sozinho em tempos não fora a falta de ninguém E o que doía não tinha o quisto da doença Só o espaço sereno das coisas que se deixam. Acontecera que nada se fizera fora Do coração. Acontecera que passara a noite a abrir os olhos Para não se interromper A estender a mão para estar vivo E certo de que nem ele próprio se abeiraria de si mesmo Pois ocupara-se rigorosamente de ausentar-se. Mesmo se caminhara muito devagar Sem outro meio para esperar que o visitassem. Ele que é agora o que nunca repousou O que nunca encontrará o sítio do sossego A não ser que haja o equilíbrio na vertigem Uma luz parada no meio da voragem. Daniel Faria