Devia haver palavras sagradas com que povoar a alma Não sei se língua se linguagem Seguramente um vento um porto cheio de casa Devia haver sentidos caminhos livres Devia haver paz devia haver tempo Devia haver silêncio, o respirar da música em qualquer vento e aí nosso nome, ainda que não mastro ainda que não rádio e muito menos capital ou capitão Nome vasto vasto vasto como vastos são Gatafunhos de menino Mil quedas do mesmo galho Conversas com aves Esperas do carteiro certeiro e mais que competente Ansiedades das mais certas, que sempre passava, e a tal carta um dia Palavras joelhos, jóias e jornas ao pescoço das belas resineiras Palavras de infinito no tempo de estar por cá Palavras que não devessem nada a ninguém Encontro no mais fundo de cada Almas povoadas de mar e transparência brisamarinhemterra algurespassa um marinheiro Devia haver perguntas a iluminar respostas Dessas tão comuns, em qualquer clima, esse rei E também das outras, não menos nevoentas e nobres, já agora ou um pouco depois, antes da deita A vida é assim mesmo, pelo menos às vezes, começar certinho e bem devagarinho não esquecer lavar os dentes ser simpático com os clientes que mereçam despachar os chatos, ou viver com eles Logo se verá o caminho e, com sorte ou mais que sorte, o caminhante. Tarde ou cedo virá o sono Mas, na minha absoluta ignorância das coisas, acho mesmo que, pelo menos por vezes enfim devia haver, finalmente e num qualquer sempre, palavras que não há Rui A.