Certa vez
Sentou-se, certa vez, no coração de Henry algo
tão pesado, que se tivesse cem anos
& mais, & aos prantos, insone, por todo esse tempo
Henry não poderia tornar o Bem.
Recomeça e sempre em seus ouvidos,
a pequena tosse em algum lugar, um odor, um badalo.
E há outra coisa que ele tem em mente
como um grave rosto de Siena, milenar
não conseguiria borrar sua censura quieta e perfilada. Horrendo,
olhos abertos, ele atenta, cego.
Todos os sinos dizem: tarde demais. Isto não se pranteia:
pensar.
Mas nunca Henry, conforme pensara,
dá cabo de alguém e esquarteja seu corpo
e esconde os bocados onde possam encontrá-la.
Ele sabe: verificou a todos, & ninguém está desaparecido.
Com frequência, ao amanhecer, ele faz as contas.
Ninguém nunca está desaparecido.
John Berryman, trad. Ismar Tirelli Neto
Publicado em 9 de Novembro de 2012