Eu, incrédulo Tomé, Já não creio na doutrina Que o rabi e o padre ensinam: Nesse “céu” não levo fé! Mas nos anjos acredito, Dou aqui meu testemunho: Perambulam pelo mundo, Impolutos e bonitos. Só refuto essa bobagem De anjo aparecer de asinha; Sei de muitos, Senhorinha, Desprovidos de penagem. Com carinho e claridade, De olho atento nos humanos, Nos protegem, afastando O infortúnio e a tempestade. Amizade tão discreta Reconforta toda gente, Tanto mais o duplamente Judiado, que é o poeta. Heinrich Heine, trad. Ricardo Domeneck