Condomínios
Esta foi já a minha casa, era eu outro
Nem mais esperto, louro ou feliz
Apenas outro e já então bastante usado
Entre paredes razoáveis costumeiras
Tão inteiras e partidas quanto eu
Não lembro se havia janelas
Diz-me a lógica que sim
Mas já então falava de mim, hábito meio parvo
Um dia há-de a memória trazer-me um retrato
A completar figura, sempre
Passado, o tempo útil de ser
Figura
Talvez retoque então a memória o quadrado truz-truz aqui estou
Assim seja a lembrança mais simpática
que o costume.
Nunca se sabe, e já que disso falo,
Como quem fala de nada, convém
Nomeadamente lembrar
Desta a minha casa, em vários tempos
O abrigo, por vezes mais que isso
E depois há sempre o voluntariado
(o senhor dos anzóis nos guarde e proteja)
Ou um olhar atento
A lembrar a casa ou falta dela
Na pele de quase impossíveis poetas
No escrever as coisas
Nada como falar de nada
No gume da noite
Rui A.
Publicado em 21 de Dezembro de 2012