O teu Canto
Acorda, menina, vá
Não te incomode agora o barulho das gentes, seria tristemente inédito
Ainda há mar ali para os lados de Campo de Ourique
Pinheiros selvagens, dos que me ensinaste
Ainda há coretos por encher de jazz e poesia
Umas quantas paredes umas quantas esquinas a povoar de tintas
Lá onde florescem pássaros e onde se passeia o gato Belchior, que é teu
Ainda tanto quanto se pode ser
Para alguém
E o Grémio lá está ainda, meio encoberto e quase quase falido
Ri, menina, ri com o teu riso mouro mesmo se e enquanto
Esta cidade na sua grande parte anã não merece um sorriso
Invade com o teu canto os cantos todos da paisagem
Regressa ao Belchior que te aguarda e a todos quantos
Ainda e sempre esperam, com toda a cor da esperança
Rui A.
Publicado em 6 de Dezembro de 2012