Sobre um tema de Confúcio
Que fique pelo menos um homem
sozinho num bar deserto pensando
em nada de especial e curtindo
pessoas atarefadas que passam.
Que a ele pelo menos aquilo
tudo — a pressa das tarefas e os carros —
pareça uma paisagem vazia
e até certo ponto sem cabimento.
Que esse homem sentado, soterrado
talvez em decepções amargas, se oriente
para ouvir a canção além dos passos
e além de sua própria pessoa
que assim no delírio urbano ressoa
sem função social senão deixar
que a boca filosofe assobiando
e o ouvido obediente perceba.
Leonardo Fróes
Publicado em 19 de Dezembro de 2012