Em Janeiro
Em Janeiro canso-me
de mim e do
frio.
Não sou o único, bem sei das
empatias feitas no olhar
(algumas até me são simpáticas, confesso).
Em Janeiro, esse trinta e um,
não me canso das escadas pelo menos para já
servem sempre para subir para descer e
para sentar, descascando autocolantes pouco exemplares
de livros sempre raros, este um exemplo
de poder, pudor
e compra.
Janeiro pode ser quase perfeito,
o Tejo tem uma imensa neblina
como teve em Dezembro e terá, assim acredito,
em Fevereiro.
E o rio tem também água, sempre muita,
e alguns bravos remadores e pescadores
de rolas,
inesperada gente amável.
Janeiro é tão real como qualquer mês que se preze ou não, e
Em Janeiro perco-me e encontro-me
(como em Agosto, Germinalou Brumário)
nas ruas da cidade e do campo,
nas páginas de um livro que não percebo e não largo,
como tanto do que não entendo e nunca será
arrumado.
Em Janeiro, como sempre ou quase, pergunto calado
sei bem porquê,
Onde está o Wally?
Rui A.
Publicado em 9 de Janeiro de 2013