Numa tarde de domingo, em Central Park, ou numa tarde de domingo, em Hyde Park, ou numa tarde de domingo, no jardim do Luxemburgo, ou num parque qualquer de uma tarde de domingo que até pode ser o parque Eduardo VII, deitas-te na relva com o corpo enrolado como se fosses uma colher metida no guarda- napo. A tarde limpa os beiços com esse guardanapo de flores, que é o teu vestido de domingo, e deixa-te nua sob o sol frio do inverno de uma cidade que pode ser Nova Iorque, Londres, Paris, ou outra qualquer, como Lisboa. As árvores olham para outro sítio, com os pássaros distraídos com o sol que está naquela tarde por engano. E tu, com os dedos presos na relva húmida, vês o teu vestido voar, como um guardanapo, por entre as nuvens brancas de uma tarde de inverno. Nuno Júdice