quis-nos aos dois enlaçados meu amor ao lusco-fusco mas sem saber o que busco: há poentes desolados e o vento às vezes é brusco nem o cheiro a maresia a rebate nas marés na costa de lés a lés mais tempo nos duraria do que a espuma a nossos pés a vida no sol-poente fica assim num triste enleio entre melindre e receio de que a sombra se acrescente e nós perdidos no meio sem perdão e sem disfarce, sem deixar uma pegada por sobre a areia molhada, a ver o dia apagar-se e a noite feita de nada por isso afinal não quero ir contigo ao lusco-fusco, meu amor, nem é sincero fingir eu que assim te espero, sem saber bem o que busco. Vasco Graça Moura